Conheça as brasilianas no país e no mundo

Numa sociedade em que o conhecimento se dissemina em velocidade cada vez maior, os acervos artísticos, arquivísticos e bibliográficos precisam fomentar sua contínua modernização para se manterem conectados aos usuários. Para coleções de obras raras e sobre o Brasil, como aquelas da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), o desafio parte da própria definição do conceito de brasiliana, cujo origem remonta a meados do século XX.

Rubens Borba de Moraes, autor da Bibliographia Brasiliana (1a ed. 1958, 2a 1983, ambas em inglês; 1a edição em português, 2010), foi quem apresentou uma definição mais precisa para o termo “Brasiliana” em O bibliófilo aprendiz (1a ed. 1965): “todos os livros sobre o Brasil, impressos desde o século XVI até fins do século XIX, e os livros de autores brasileiros, impressos no estrangeiro até 1808.”

José Mindlin, ao tratar de sua coleção, qualifica-a reiteradamente como uma coleção “indisciplinada”. Entretanto, nos Destaques da Biblioteca Brasiliana InDisciplinada de Guita e José Mindlin (2ª ed., 2013), há algumas balizas, que Mindlin chama de vertentes: história, literatura, relatos de viagem, periódicos, manuscritos históricos e literários e livros de artista. Essas vertentes variam ligeiramente nos vários depoimentos de Mindlin sobre sua coleção, mas notam-se algumas linhas de força: uma coleção prioritariamente dedicada às ciências humanas e às artes, assim como aos livros raros e às edições preciosas.

À primeira linha de força liga-se o entendimento de Mindlin de que o livro é uma fonte de conhecimento, o que fundamenta tanto sua abertura ao público de pesquisadores, ainda quando era uma coleção privada, como sua doação para a USP. Na integração da coleção à Universidade, é possível identificar, em relação aos campos de estudo que a instituição e seu acervo mobilizam, quatro grandes subgrupos: 1) estudos brasileiros, 2) história do livro e da leitura, 3) tecnologia do conhecimento e humanidades digitais e 4) preservação, conservação e restauração do livro e do papel.

As relações entre a definição de brasiliana de Rubens Borba de Moraes, a história de formação da Coleção Mindlin e a integração desta à USP formam o fundo sobre o qual a BBM tem trabalhado no sentido de fomentar a reflexão sobre uma nova definição de brasiliana. Essa definição deve servir como um parâmetro que oriente a formulação de uma política de aquisição e doação, defina prioridades de digitalização e fundamente o desenvolvimento de programas e projetos voltados para a produção e difusão de conhecimento relativo aos estudos brasileiros, de modo que a Biblioteca cumpra com mais eficiência suas finalidades regimentais, a saber: I – conservar e divulgar o acervo e facilitar o seu acesso a estudantes e pesquisadores; II – proporcionar irrestrito acesso de seu acervo digital ao público em geral; III – promover a disseminação de estudos de assuntos brasileiros por meio de programas e projetos específicos.

Este espaço criado no site da BBM deve oferecer aos pesquisadores e interessados um amplo conjunto de instituições e projetos voltados para as brasilianas, um instrumento para a conexão de acervos e materiais sobre a história, a literatura e a cultura brasileira.

Alexandre Macchione Saes, diretor da BBM.

Saiba mais:


Brasiliana Iconográfica

Brasiliana Iconográfica - print

Desde 2022, a BBM contribui para o enriquecimento da Brasiliana Iconográfica, plataforma virtual que disponibiliza, de forma gratuita, materiais de quatro acervos importantes: o da Biblioteca Nacional, do Instituto Moreira Salles, do Itaú Cultural e da Pinacoteca de São Paulo.

O projeto pretende oferecer uma espécie de “museu virtual” do Brasil, dessa forma, apresenta-se como instrumento de preservação digital desse patrimônio brasileiro, tornando o portal uma referência nos estudos iconográficos brasileiros.


Portal de Revistas de Ideias e de Cultura (RIC)

Portal de revistas brasilianas - print

O Portal Revistas de Ideias e Cultura (RIC) tem por objetivo proporcionar o acesso às revistas dos movimentos culturais e políticos mais representativas da história portuguesa e da história brasileira do século XX de acordo com o conhecimento constituído e o estado da arte da edição digital.

Faculta-se a consulta de coleções completas seja através do folheio dos números editados seja por intermédio de índices de autores, de conceitos, de assuntos, de autores citados, de obras citadas e de locais. Permite-se ainda o exame conjunto das peças publicadas nos diferentes títulos de um mesmo movimento cultural, assim como a pesquisa na totalidade das bases de dados.

Disponibilizam-se, igualmente, seleções variadas e extensas de documentos e de estudos tanto sobre o universo das revistas de ideias e cultura portuguesas e brasileiras do século XX quanto acerca de cada um dos títulos reproduzidos. Supõe-se que a descrição sumária e a elaboração dos analíticos das peças impressas nas coleções republicadas constituem não só modalidades adequadas de abordagem e de sistematização da informação contida em cada título como representam também os procedimentos que facultam uma acessibilidade conforme aos recursos técnicos disponíveis.


Raros e Inéditos - dramaturgia brasileira do século XIX

Raros e inéditos - print

Raros e Inéditos é um projeto realizado no Centro de Documentação Teatral da ECA/USP. O objetivo do trabalho é disponibilizar peças de teatro escritas no Brasil durante o século XIX. As obras podem ter sido publicadas ou estarem em forma de manuscritos. Dada a intenção de reunir um conjunto de obras raras, principalmente 1ªs edições, não foram incluídas aqui as peças teatrais reeditadas nos séculos XX e XXI.

Os nomes que compõem o rol de autores identificados não são, necessariamente, brasileiros natos, mas de homens e mulheres que viveram no país e desenvolveram seu trabalho aqui, para o palco brasileiro. Daí a inclusão de algumas peças de autores portugueses que aqui foram representadas. Para tanto, foram reunidas obras de coleções particulares e públicas de diversas instituições do Brasil e do exterior.