Publicado: 18/03/2025
Por Eliete Viana
Na noite do dia 12 de março, foi realizada a abertura da exposição Alfredo Bosi: entre a crítica e a utopia na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), que contou com a presença de estudantes, professores e familiares de Bosi.
A exposição é realizada em parceria com o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e tem curadoria de Viviana Bosi, professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e filha de Alfredo e Ecléa Bosi.
A exposição Alfredo Bosi: entre a crítica e a utopia ficará em cartaz até 7 de maio, no saguão e na Sala Multiuso da BBM - Foto: Julia Forner/BBM-USP
Abertura
A coordenadora da mostra e diretora do IEA, Roseli de Deus, iniciou o evento dizendo que o Instituto tem muita gratidão pelo professor Alfredo Bosi, pela sua atuação como pesquisador e na gestão do Instituto, como vice-diretor (1987-1997) e diretor (1998-2001). "A memória dele precisa ser preservada, guardada e mostrada para as pessoas que não tiveram a oportunidade de conviver com ele”, declarou Roseli.
O diretor da BBM, Alexandre Macchione Saes, destacou que, ao abordar o pensamento de Bosi, a atual exposição amplia e renova a primeira, realizada no ano passado no Centro Universitário Maria Antonia (Centro MariAntonia) - a segunda foi no Centro Cultural USP São Carlos. “Biblioteca Brasiliana Mindlin e Centro MariAntonia [são] dois espaços simbólicos que representam tão bem a trajetória de Bosi, entre a educação e a militância; entre a literatura e a resistência: entre a crítica e a utopia”. Saes enfatizou que Bosi, tanto por sua produção intelectual como por seu papel como docente da USP e militante pelos Direitos Humanos e Justiça Social é um exemplo e nos ilumina na promoção destes objetivos. Além disso, o diretor contou que, além da relação entre Bosi e a BBM no universo da literatura e da cultura, ele cumpriu também um papel decisivo para a concretização deste projeto.
“Como lembra Jacques Marcovitch em Reflexão e resistência, enquanto reitor da USP [entre os anos de 1997 e 2001], contou com apoio decisivo de Bosi para aprovar a doação da BBM no Conselho Universitário da USP: “Quando levei ao Conselho Universitário a oferta da doação da BBM, que me fora comunicado por José e Guita, o professor Bosi deu-me apoio decisivo para que obtivéssemos aprovação unânime do Colegiado. Com o seu poder de persuasão, conseguiu a proeza de garantir os votos favoráveis da representação sindical, notoriamente rebeldes às proposições da Reitoria”. Em suma, em nome da BBM, mais do que uma homenagem, essa exposição deve representar o nosso muito obrigado para o professor.”
Viviana Bosi na exposição - Foto: Julia Forner/BBM-USP
A filha de Bosi e curadora da exposição, Viviana Bosi, começou sua fala contando um pouco sobre os itens que compõem a exposição e dizendo estar muito emocionada com a presença de familiares, como a irmã mais velha do seu pai, Leda Bosi, e de Betty Mindlin, uma das filhas do casal Mindlin. Ela também destacou trechos da biografia do seu pai e compartilhou algumas ideias encontradas nas anotações dele, como a de que ele via a profissão de professor como uma missão.
Mesa-redonda
Após as falas iniciais, aconteceu uma mesa-redonda em homenagem a Bosi, considerado um dos maiores críticos literários do Brasil, na qual a sua obra e a convivência com ele, foram abordadas pelos professores: Yudith Rosenbaum e Hélio de Seixas Guimarães, ambos do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (o mesmo de Bosi) da FFLCH, e Fernando Paixão, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).
A professora Yudith relatou que por alguns anos partilhou da “sensibilidade, generosidade de um pensador indispensável sobre os assuntos mais complexos”, falou das críticas de Bosi sobre alguns autores e obras e relembrou de um evento ocorrido em agosto de 2006: Jornada Alfredo Bosi: Cultura e Resistência.
Guimarães lembrou de como Bosi foi receptível com ele e outros estudantes de pós-graduação quando foram pedir apoio ao professor para criarem um núcleo de estudos. O professor, que entre os temas de pesquisa está a obra de Machado de Assis, falou sobre como Bosi via os personagens deste autor, cujo olhar sobre a sociedade foi penetrado por valores e ideais que não se limitam ao espaço e tempo em que foram exercidos.
O professor do IEB, na área de poesia e prosa brasileira e gêneros literários, relembrou que durante a graduação, quando estudava na Escola de Comunicações e Artes (ECA), atravessava a Praça do Relógio para poder assistir às aulas de Bosi nas Colméias (antes as aulas do curso de graduação em Letras eram neste local). Paixão fez análises sobre alguns títulos de Bosi, sobre a “Dialética da Colonização”, que é dedicado à apresentação dos estudos históricos e críticos de Bosi da literatura produzida no Brasil durante o período colonial e ao longo do século XIX; e declarou que: “a leitura e a convivência com Bosi foram determinantes para o meu caminho na poesia".
Depois da mesa-redonda, o público foi convidado a visitar a exposição, que propõe dar maior ênfase ao pensamento crítico de Bosi.
A exposição pode ser visitada, gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h30, no saguão e na Sala Multiuso da BBM, na Rua da Biblioteca, 21 – Cidade Universitária, São Paulo.