Publicado em 02/06/2025
Por Elena Souza
No dia 9 de junho de 1910, nascia Patrícia Rehder Galvão, em São João da Boa Vista, em São Paulo. A jornalista, militante política e escritora ficou conhecida como Pagú, apelido herdado de um equívoco do poeta Raul Bopp, que achou que a intelectual se chamava Patrícia Goulart. No acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) estão abrigadas algumas obras da autora.
Na adolescência, quando já morava na capital paulista, frequentou a Escola Normal (que visava à formação de professoras) e o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde foi aluna de figuras de grande relevância na produção artística brasileira, como o escritor Mario de Andrade. Na mesma época, a jovem já escrevia artigos críticos para o Brás Jornal, os quais eram publicados com a assinatura de Patsy.
Com apenas 18 anos, a precoce escritora se uniu ao Movimento Antropofágico, por influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, e passou a contribuir com a Revista Antropofágica. Em 1931, mesmo ano em que se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), Patrícia, dessa vez como Pagú, passou a publicar a seção “A mulher do povo”, parte do jornal O homem do povo, criado por Oswald.
Apesar do apelido consolidado que a identifica no cenário literário brasileiro, Patrícia Galvão foi Pagú apenas durante sua atuação no PCB, do qual se afastou gradualmente até o rompimento definitivo em 1937. A atuação política, entretanto, nunca esteve vinculada apenas a sua filiação partidária: a militância esteve entrelaçada ao trabalho e às relações da escritora durante toda sua vida.
Além de Patrícia, Patsy e Pagú, foi também Solange, Ariel e Mara Lobo. Publicou textos jornalísticos, crônicas, artigos políticos provocativos e até mesmo ilustrações em jornais como Diário de Notícias, Vanguarda Socialista, do Rio de Janeiro; A Noite, Diário de São Paulo e Fanfulla, de São Paulo; e A Tribuna, de Santos, onde morou nos anos 1950. Patrícia Galvão viveu muitas mulheres em apenas uma vida, todas elas profissionais de importante produção intelectual.
Parte da obra multifacetada dessa autora está abrigada na BBM e pode ser consultada. Está disponível, por exemplo, Parque Industrial, a primeira publicação de Patrícia Galvão, de 1933. O livro é considerado o primeiro romance proletário no país. No acervo da BBM também estão obras que revelam um lado mais íntimo da escritora, como é o caso de seu diário, que foi intitulado por ela, com escrito à mão, de Romance anarquista.
Para consultar as obras de Patrícia Galvão que estão preservadas pela BBM, basta realizar agendamento prévio. Saiba mais clicando aqui.
A lista completa das obras pode ser encontrada na Plataforma Dedalus.